sábado, 15 de janeiro de 2011

FELIZ ANO NOVO


Quero desejar para mim e para você um feliz ano novo, mas um feliz ano novo interior. Aquele que mora dentro de nós e para o qual, muitas vezes, não damos a devida atenção.
O nosso calendário interno é bem diferente dos dias, meses e anos postos numa folhinha e é ele, na verdade, que rege as nossas vidas.
Nosso calendário interno é marcado por alguns momentos registrados em nossa memória. Momentos do tempo em que éramos crianças, em que frequentávamos a escola, em que éramos jovens...Nem sempre nos lembramos do ano, da data exata, mas as marcas ficam. Marcas de momentos alegres ou tristes.
O nosso calendário interno, às vezes, nos faz viver no passado, mergulhados nas lembranças boas ou ruins.
Às vezes, nos faz viver de sonhos, num tempo que está sempre posto no amanhã e que, talvez, jamais chegará.
O nosso tempo interior, também é encantado, mágico e, por isso pode nos levar a viver num tempo de fantasia, criando um mundo fora da realidade como Neverland.
O nosso tempo interior, às vezes, nos faz viver como crianças guiadas pelo egocentrismo, querendo que o mundo todo gire ao nosso redor, ou como adultos rígidos, que já não sabem mais brincar e que se esqueceram de cuidar da criança que habita em cada um de nós.
E, nesse tempo interior, há jovens que vivem como velhos e velhos que vivem a melhor idade e que não perdem jamais a juventude da alma.
O nosso tempo interior, também, faz com que sejamos insatisfeitos com o tempo. Quando somos crianças anciamos ser adultos e quando estamos envelhecendo desejamos voltar à nossa juventude.
Às vezes, envelhecemos muito depressa fisicamente e a nossa mente ainda tem projetos e sonhos que nosso físico já não consegue realizar e, às vezes, é a mente que distoa do físico e já não consegue pensar o novo e nem sequer se lembrar do que já passou. É quando o tempo interior nos leva ao completo vazio. É simplesmente não estar em tempo algum.
E já que existe um tempo interno, creio que o ano novo só será novo, realmente, quando o nosso calendário interno estiver aberto para as boas novas, para a novidade de vida. Se esquecermos de mágoas e rancores do passado; se não insistirmos em alimentar feridas que nos marcaram. Se estivermos disponíveis para as transformações necessárias e aceitarmos o que não podemos mudar; se ousarmos realizar sonhos engavetados e projetos embolorados; se tivermos tempo para ouvir a voz do nosso coração; se vivermos o agora tendo o passado como aprendizado e não como uma prisão e o futuro como possibilidades, mas também como consequência do que construirmos hoje.
Por fim, o ano novo só será novo se tivermos tempo para refletir sobre o nosso próprio tempo interior.
Fora isso, o ano novo será apenas mais um ano posto no calendário criado pelos homens.
Que 2011 seja, realmente, um feliz ano novo para nós e que nele tenhamos tempo para cuidar do nosso tempo interior.