domingo, 7 de novembro de 2010

A SUPREMA FELICIDADE


A Suprema Felicidade:

É ouvir o sabiá cantando no meu jardim anunciando um novo dia. É ver os anuns tomando banho nas poças d’água que se formam na rua, as maritacas fazendo algazarra no alto da palmeira, o beija-flor pairando leve e breve por sobre os ibiscos e a rolinha fazendo ninho na bananeira.
É sentar na varanda e ver as nuvens fazendo desenhos nos céus, anunciando a chuva que cai, matando a sede das árvores e levantando o cheiro da terra que acolhe as sementes e as folhas. É ver o sol nascer radiante nos dias de céu azul, para se despedir no poente colorindo a imensidão do horizonte.
É ver a beleza das flores brancas da mirra e da açucena exalando seu doce perfume e da flor-da-lua, cuja brancura se faz luz para iluminar a noite e que, ao raiar do dia, adormece para não mais despertar. E da simplicidade da Maria-sem-vergonha que brota espontaneamente revestindo o jardim com suas variadas cores
É ver os ipês floridos, as sementes das tipuanas reluzindo ao sol e, depois, com as suas pequeninas flores amarelas, tapeteando o chão.
É fazer trilha no Parque Tizo até a clareira e ter participado da luta pela preservação de sua Mata Atlântica
É ver o tronco e os galhos da jabuticabeira em flor e um tempo depois colher seus frutos e desses frutos fazer licor e geléia. É colher amoras do pé e a fava do andu pra fazer farofa.
É ver meu pai plantando árvores e cuidadosamente zelando para o seu crescimento
É tomar banho de mar em praias ainda não poluídas pelos homens, com suas águas cristalinas como o paraíso de Mangue Seco.
É navegar pelas águas caudalosas do Rio São Francisco, velho Chico, no cânion do Xingo, com seus paredões de rochas avermelhadas esculpidos pela natureza margeado pela vegetação de caatinga
É assistir um bom filme, daqueles que nos faz refletir sobre a vida, viajar com o pensamento pelas páginas de um livro, ler as poesias de Fernando pessoa, Cecília e Adélia e as crônicas de Rubem Alves.
É ser Arteterapeuta e ter o privilégio de participar da trajetória de tantas pessoas a caminho da auto descoberta e realização
É cantar a vida, o amor e a dor, ouvir as canções do Roberto, Caetano e Oswaldo Montenegro.
É poder ter um tempo pra não fazer nada, só pra relaxar e deixar o pensamento voar.
É pintar, fotografar tentando eternizar os bons momentos
É caminhar apreciando os ciclos da natureza, percebendo os seus tempos descobrindo árvores e flores.
É estar com os amigos, ainda que esses momentos preciosos, estejam se tornando cada vez mais raros
É superar os momentos ruins, as doenças, as dores e dificuldades segurando firme nas mãos do Criador
É ver uma criança descobrindo as letras, desvelando o mistério das palavras, percorrendo o caminho da aprendizagem da leitura e da escrita
É conversar com Deus pelas manhãs e nas trilhas solitárias e poder contemplar a maravilhosa obra de suas mãos
Mas a Suprema felicidade também é lembrar
É lembrar dos que já partiram deixando saudades em seus momentos de felicidade, do meu irmão percutindo o atabaque e dançando forró
É lembrar dos bons tempos da discoteca, da turminha dançando Travolta e das viagens com o Dekinha
É lembrar da minha mãe contando histórias pra fazer a gente dormir e do tempo em que brincava de roda, de esconde-esconde e passa-anel na rua de terra
É lembrar das férias em Arapiraca e das tardes em Itapoã
É lembrar do primeiro namorado e do beijo escondido no portão, dos sonhos já vividos e dos que foram deixados para trás.
Mas também é sonhar novos sonhos, reinventar a vida!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fotos das sessões de Arteterapia






































Fiaflora 2009

















Em 2009, a paisagista Susette Calarezi participou da Fiaflora (Feira de jardinagem e paisagismo), com a criação de um belíssimo espaço para relaxar com materiais sustentáveis.
Foi uma honra para mim participar da composição desse espaço com uma pintura que idealizei a pedido da paisagista. Uma estrela de 8 pontas simbolizando o infinito, feita com textura e óleo sobre tela.
A pintura trouxe ao espaço o elemento fogo, dialogando com a luz da estrela no quadrado central do deque.
A idéia da pintura era de causar a captura dos olhares e, ao mesmo tempo ser um ponto transmissor de luz e energia.
Para saber mais acesse http://www.europanet.com.br/ (Revista Natureza-Edição 262-Novembro/99)

sábado, 30 de outubro de 2010

A SUPREMA FELICIDADE

Filme de Arnaldo Jabor, A Suprema felicidade, emociona por retratar o sentido da vida que todos nós buscamos. Vivemos à procura da suprema felicidade, mas será que ela existe? Sim, existe, mas não como a idealizamos, como gostaríamos que ela fosse, grandiosa e eterna. Ela é feita de instantes e esses instantes é que se eternizam e passam a fazer parte de nossas memórias.
O filme nos revela, de forma sutil, que a felicidade faz-se presente, em todas as fases de nossas vidas e é um conjunto de momentos alegres e tristes, de conquistas e derrotas, de perdas e ganhos.
A suprema felicidade de Jabor é a vida. Simplesmente a vida com todos os seus ciclos, as suas marés altas e baixas, seus encantos e desencantos.
As lembranças e as memórias de nossas histórias vividas é que constituem a suprema felicidade.
"E a vida é bonita e é bonita"!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OFICINAS CRIATIVAS


O Projeto de Arteterapia que desenvolvo na "EMEF Teófilo Benedito Ottoni" foi sistematizado a partir da metodologia das Oficinas Criativas proposta pela Dra Cristina Dias Allessandrini do Alquimy Art.
As vivências, através da Oficina Criativa, têm uma enorme contribuição para a Arte Terapia, pois propiciam a proximidade do ser consigo mesmo, através das seguintes etapas:
1- Sensibilização: momento em que o sujeito estabelece uma relação diferenciada de contato com o mundo, apoiando-se na sensibilidade e percepção de seu eu e dos objetos que o cercam através de atividades que visam a vinculação do sujeito com a situação. Nesse momento o cliente é convidado a tocar o “si mesmo” – o seu mundo Intra e para isso as estratégias poderão apoiar-se em exercícios lúdicos, em atividades corporais, em observação dirigida ou sugerida, em construções do imaginário.
2- Expressão livre: expressão da experiência vivida, de seu pensamento e sentimento por intermédio de uma linguagem não verbal com uso de técnicas e materiais artísticos diversos: pintura, argila, desenho, etc... Nesse momento o sentimento eclode como imagem interna e toma forma.
3- Elaboração da expressão: quando ocorre o aprimoramento da linguagem escolhida pelo cliente que “re-elabora” ainda de forma não verbal, o conteúdo emergente nas etapas anteriores retrabalhando as figuras e formas, dando-lhes mais contornos, linhas e cores.
4- Transposição para a linguagem verbal: há um “re-significar” do processo e a imagem interna sugere a criação de mensagens e textos e pensamentos, poemas e histórias podem ser escritos.
5- Avaliação: retomada do processo que permite a conscientização e percepção crítica do indivíduo na aquisição de novos conhecimentos. É o tempo de olhar e poder “re-ver” cada etapa, re-elaborando conteúdos ainda não explicitados, ou avaliando a dimensão de significado simbólico da totalidade da experiência vivida.
(ALLESSANDRINI,1996 p.41 a )


As Oficinas Criativas também foram por mim utilizadas nos Grupos de Formação para os professores na própria escola, favorecendo ampliando a percepção e possibilitando a manifestação das diferentes formas de expressão.

PROCESSO CRIATIVO




Processo Criativo


No processo criativo somos,
Nos vemos
Nos fazemos por inteiro
Corpo, alma e espírito
O olhar sobre a realidade se amplia
E recria
Sem que percamos a dimensão do chão
Nos arrebata para outra dimensão
Nos eleva,
Nos vela,
Nos revela,
Nos envolve, nos revolve, nos comove, nos move
Nele estamos sós
E, ao mesmo tempo, com todos
E porque somos, criando,
Somos um com outros seres
E com Deus
Celebramos a vida
A maravilhosa obra de Sua criação


Texto: Mª Cristina Francisco

Pintura: aquarela de Cássia Cloris Bontorin Fogaça

realizada no Grupo de Arteterapia

A IMPORTANCIA DA ARTETERAPIA EM NOSSAS VIDAS


O contato com diferentes formas de expressão artística, através de um processo terapêutico, vai muito além de uma experiência estética, nos conduzindo a um contato mais íntimo com o nosso ser, nos trazendo à memória lembranças de momentos esquecidos, choros contidos, dores sufocadas, alegrias adormecidas, potenciais desconhecidos ou ignorados, caminhos não trilhados, conquistas e sonhos a serem atingidos.
As vivências artísticas, no ateliê terapêutico, vão nos trazendo fragmentos de nós mesmos que foram se distanciando, a ponto de não os reconhecermos como partes integrantes de nosso ser. Vão possibilitando a nossa transformação e colocando-nos mais próximos e íntimos ao nosso interior.
Com a possibilidade de nos expressarmos de forma criativa, com o uso de diferentes linguagens e materiais diversificados, vamos construindo o caminho da descoberta de nós mesmos, de sentimentos como amor, raiva e medo, de nossas contradições, de impaciências, comodismos, inconstâncias, permanências, resistências e flexibilidades, ampliando a interação com tudo que está à nossa volta: os símbolos, a natureza, os outros.
Os diferentes materiais, utilizados para a expressão, vão revelando nossas limitações e possibilidades, nos colocando diante de novos desafios e novas escolhas, expandindo a nossa percepção, a imaginação e a criatividade.
Durante o processo arteterapêutico, vamos nos libertando da mesmice no fazer, no agir, no pensar e de amarras que aprisionam a nossa expressão e, percebemos que ser criativo é algo a ser conquistado a cada dia, na luta contra os padrões estabelecidos pela sociedade, e muitas vezes, por nós mesmos, por auto exigência ou auto crítica exacerbada.
A arteterapia é um convite para apreciarmos novas cores, novos sons, ampliar nosso movimento no espaço, compor fragmentos para a conquista de novos horizontes, onde possamos ser simplesmente nós mesmos.

Se você aprende a reconhecer, alimentar e proteger o artista criador que habita em você, torna-se capaz de movimentar-se diante da dor, do medo e dos sentimentos que bloqueiam e impedem a transformação” (Allessandrini, 1998, p.16)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A ARTETERAPIA NA QUALIDADE DE VIDA DOS EDUCADORES



O Projeto de Arteterapia para os educadores vem sendo desenvolvido na EMEF Teófilo Benedito Ottoni desde o ano de 2003 e, passou a ser parte integrante do Projeto da Escola, uma vez que este tem como uma de suas ações a promoção da qualidade de vida dos educadores.
Fui Coordenadora Pedagógica na escola durante 13 anos, e isso favoreceu a implantação do projeto, que contou com o apoio da Direção, Coordenação e dos professores que confiaram no meu trabalho.
Mesmo tendo me aposentado em 2009, continuo realizando o projeto como voluntária, o que faço com muita alegria, prazer e satisfação, pois sei o quanto esse espaço é importante para que os educadores possam ter uma melhor qualidade de vida.
Creio que este espaço é de suma importância uma vez que possibilita crescimento pessoal e profissional, contribuindo para aliviar o stress, promover saúde, despertar e expandir a criatividade, ampliando a percepção e a imaginação, favorecendo melhor compreensão da realidade (em todos os sentidos), e a mudança de postura em sala de aula, com rompimento de padrões repetitivos para dar margem a novas descobertas e novas práticas.
O grupo tem me emocionado pelo nível de envolvimento, seriedade e participação no projeto, e isso tem alimentado constantemente a minha paixão por esse trabalho e me movido a dar o melhor do meu ser como arte terapeuta procurando desenvolver as atividades com profundidade e qualidade.
Mesmo com a minha crença no poder transformador da Arteterapia, ainda fico perplexa diante do que tenho presenciado nas vivências do grupo e no processo de cada integrante. As transformações vão ocorrendo de uma forma tão rápida, com tamanha profundidade e “belezura” que fica difícil colocar em palavras. Há algo que acontece para além do que pode ser descrito, que pertence ao campo do sentir, do mover de energias, que se instauram no grupo nos encontros realizados. Através de cada vivência, os professores têm a oportunidade de se mostrarem como pessoas, de expor sentimentos livremente, chorar, compartilhar suas dores, medos e angustias, mas também de contar suas histórias de vida, manifestar seus sonhos, suas alegrias e suas descobertas.
Cada integrante vai encontrando o real sentido de pertencimento a um grupo o que possibilita o fortalecimento dos vínculos afetivos, da união, solidariedade. Como seres humanos passam a compartilhar, não só projetos de ensino, mas também projetos de vida.
O potencial criativo, que pode ser resgatado através da Arteterapia, possibilita a cada um “estar no mundo” dando um real significado á sua existência.
Todo Projeto de Escola deveria ter como meta a promoção da saúde, da qualidade de seus educadores, o que aliás deveria ser meta da Secretaria de Educação, pois qualidade de ensino requer, em primeiro lugar, valorização dos profissionais e melhores condições de trabalho e creio que isso inclui os aspectos emocionais tão negligenciados na educação, mas que, no entanto, permeiam todo o processo de ensino aprendizagem.
Pintura : Profª Mª Aparecida Prado participante do grupo de Arteterapia